Quando o mundo acabar, estaremos
eu e você a dançar; dois pra lá, dois pra cá, pequenos passos sincronizados com
as batidas dos nossos corações, sua mão na minha cintura, meu sorriso no seu
peito, não se escuta valsa, apenas uma gaita e um violão. Eu e você, nesse
balançar particular, sem sapatos, sentindo a eternidade aos nossos pés.
Quando o mundo acabar, estaremos
eu e você a sorrir, entretidos, contando as linhas do tempo em nossos rostos,
desenhando constelações nas marcas dos nossos corpos, hipnotizados pelo brilho
das nossas írises ao refletirem o céu. Eu e você, respirando o ar que sai de um
e entra no outro, numa candência única que só os amantes têm.
Quando o mundo acabar, estaremos
eu e você a brincar; eu vou me esconder e você vai me procurar, então você vai
correr e eu tentarei ao máximo te alcançar e quando eu conseguir, seremos um
show de mágica onde eu faço você desaparecer dentro de mim. Eu e você,
desenhando uma vida em nossas peles, habitando a curvatura no espaço tempo da
alma.
Quando o mundo acabar, estaremos
eu e você a cantar; todos os acordes e tríades, desde a primeira nota da
criação do universo até o chiado que sai da minha boca ao contar as estórias de
nós dois. Eu e você seremos música, vibrando toda as cores que partem da luz
branca e seguem adiante no infinito do seu abraço.
Quando o mundo acabar, estaremos
eu e você a sonhar; num barco vagando pelo oceano, voando entre as nuvens,
encontrando as respostas no vento, caminhando as veredas da paz. Eu e você, desenhando
as trilhas que vamos seguir, rabiscos em muros, ruas e pontes feitas de giz.
Quando o mundo acabar, estaremos
eu e você a amar, a dor da partida já não será mais sentida, todos os
minutos e segundos restantes serão nossos e poderemos fazer com eles tudo
aquilo que sempre nos foi proibido. Eu e você, seremos duas partículas
dançantes perdidas entre todos os átomos da nossa existência, aproveitando a
brisa do mar ao qual faremos parte em breve.
Quando o mundo acabar, estaremos
eu e você a dançar.