quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Das escolhas: amar

Prefiro amar do quer ser amada
assim como prefiro dar lhe presentes
e receber o nada em troca
prefiro beijar a ser beijada
e prefiro morrer a ser morta ou matar
prefiro acordar-te e fazer-te entender
que o meu sono foi teu
e meus sonhos vagaram pelos teus
e que cada centímetro da minha pele
sentiu tua falta
Prefiro dizer que hoje sou mais feliz
do que lembrar que você tem um passado
do qual eu fiz parte apenas em desejos
Prefiro chegar do que ir
Prefiro não saber o que é dor
nem saudade
nem a dor da saudade
à dizer que sou experiente e já passei por isso
Prefiro não chorar à derramar solidão pelo chão
Prefiro acreditar que hoje sou a metade de alguém
à ser um inteiro de mim mesma.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Das minhas vontades

Quero comer algo que não sei o nome
e conhecer um país ao qual
sei que em outra vida fui rei
Quero ficar na cama em dia de chuva
esquecer do trabalho e dos livros
e me entregar ao ócio criativo
Quero pegar o trem chamado tempo
que logo vai passar
Quero gritar, matar o silêncio matutino
correr sem a preocupação do destino
e beber os vinhos, os saquês e as vodkas
e não esquecer das coisas que falei e cantei
Quero receber carinho, conhecer um abraço
dar razão à minha saudade
que não para de crescer...
Quero gastar palavras fúteis no papel
e jogar a rima rara aos seus ouvidos
no íntimo do seu quarto
no seu colchão que fica no chão
e ter seu perfume em minhas veias
Quero ser seu alto e seu baixo
e ser um jazz improvisado
e ser um gato e ganhar as estrelas da sua noite
Não quero mais vontades
Quero a realidade.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Das verdades

Que a verdade seja dita
não há
verdade absoluta
nem nua, nem crua
e com ditos populares
crio o que posso chamar de minha verdade
Apesar de tarde
a bonança aos poucos dá as caras
e foi durante a tormenta
que confirmei amigos
e se em terra de cego que tem um olho é rei
eu fui agraciada com os dois olhos
e mais o terceiro que viu além
viu o que estava em segredo
e viu o onde, o quando e o como
e assim
consegui me libertar
pois nada como um dia após o outro
com a esperança que não há bem
que sempre dure
nem mal
que nunca se acabe
assim como não há marcas que o
tempo
não apague
e já que a ocasião faz o ladrão
faz a atração
faz a traição
faz a redenção
Estou livre
pois contra fatos não há argumentos
e A Rosa sem espinhos
desceu ao chão
colheu cada um de seus protetores
cada qual preenchido por uma gota de lágrima
e ela está forte
e ela está linda
e ela quer viver para alegrar e deixar o mundo
um pouco mais bonito.
Tenho tudo o que preciso
porque na minha verdade
vão-se os anéis, ficam-se os dedos.