quinta-feira, 29 de agosto de 2019

O beijo

Não teve esquema ou estratagema, surgiu. De uma intensidade paradoxal a embriaguez do meu sentido, quis entender mas fui incapaz no ato. Te compartilhei pois vi que era demasiado prazeroso pra ser só meu, e não era e não seria, isso eu não sabia.
Quando me vi totalmente vulnerável e propensa à buscar o teu interior, fugi. O por quê, sem razão, não passível de compreensão se fez legível quando quis saber de mim. Prazer, eu sou aquela que invadiu e assim, fiquei.
No instante em que meus lábios sóbrios encontraram os teus eu fui calor; fui até o mar e voltei na ressaca da tua respiração, fui fumaça. Meus passos até tua pele foram silenciosos, como quem não quer acordar o outro do sono leve, eu que dormia, você me acordou.
E na intensidade do teu toque me despi por inteiro, fiz do meu suor a tua saliva, do meu grito a tua voz, da minha dor o teu ardor e por querer fazer caber o teu corpo em mim, arrastei os móveis do meu lar.
A cada novo olhar, o meu desejo de ter em tuas veias o meu sangue se faz maior, a necessidade de esgotar teu ar e calar teu silêncio me transtorna e me atiça, me faz querer fugir, mais uma vez.

Não sei lidar com a angustia da ausência do segundo após a porta fechar.

Eu sou o caos na epistemologia do teu corpo.