quinta-feira, 28 de março de 2024

Onze anos

  

Onze: eu te chamei para um café a qualquer dia

Podia até dar certo, pois, o não, esse eu já tinha

Embora, porém, contudo, entretanto, todavia

Na nossa história mais um ponto e vírgula surgia

 

Dez: Você tentou, me procurou, me disse vem

Pretérito imperfeito subjuntivo, coração aquém

Perdida, do contra, confusa, aquariana...você sabe bem

Eu sei que o disco do Dylan custou muito mais de cem

 

Nove: Não vou mais contar assim, foi ruim

Conversa telepática, enigmática, simbolismos sem fim

Tudo aquilo que eu sonhava murmurava solidão em mim

Você sim, eu não, eu sim, cê não, eu não e você sim

 

Oito, sete, seis, eu sei, foi muito mais

São vidas, universos paralelos, amores, dores, quais

São os endereços dos abraços, passos e portais

Cinco, quatro, Rosas, Joaquins, Josés, Getúlios e Moraes

São tantos brilhos únicos, preciosos, eternos imortais.

 

Três: Foram duas trilhas, sinuosas, úmidas, coloridas

Todo branco refletia as lágrimas caídas, o adeus, a vida

Hiato oblíquo silenciou meu bem querer, deixou ferida

Ardeu, queimou, passou, abriu, senti, pulsou sozinha

 

Dois: O nosso mar foi mais que o mar, foi sol, luar

Se era França ou Minas, eu amava, cada olhar

Das notas, compassos, curvas na candência do meu cantar

Você tocou todas as estradas do meu corpo sem falhar

 

Um: saí de casa ansiosa, pensativa

Estação consolação, contradição, te encontraria

Subiu as escadas, um sorriso, esperança, minhas mãos frias

O nosso primeiro beijo a testemunha quem diria,

 

Seria a Augusta, no passo Zero da esquina.

  

 

 

 19.04.19